Thursday, July 26, 2007

Alienação


O conceito hegeliano de "consciência infeliz" anda ligado à ideia de alienação, enquanto para Hegel a consciência infeliz é a "alma alienada" ou "a consciência de si como natureza dividida" ou "cindida", conforme afirma na Fenomenologia do Espírito. Isto é a consciência pode experimentar-se como separada da realidade à qual pertence de alguma maneira. Surge então um sentimento de separação e de desunião, um sentimento de afastamento, alienação e desapossamento. Pode usar-se o termo "alienação", num sentido muito geral, como qualquer estado no qual uma realidade está fora de si em contraposição com o ser em si. Este ultimo designa o estado da liberdade em sentido positivo, isto é, não como libertação para si mesmo, isto é, como auto-realização. O conceito hegeliano de alienação influi em Marx, o qual, já nos seus primeiros escritos, se refriu a ele, especialmente nos Manuscritos Económicos e Filosóficos, compostos em Paris em 1844 e publicados pela primeira vez em 1931. Mas enquanto Hegel tratou a noção de alienação de forma metafisica - e para Marx demasiado "espiritual" e "abstracta" - ,Marx interessou-se pelo aspecto "concreto" e "humano" da alienação. Marx tratou primeiro o problema da alienação do homem na cultura; depois, seguindo Feuerbach, tratou do aspecto, por assim dizer, "natural-social" da alienação. Particularmente importante é, para Marx, a alienação do homem no trabalho. Segundo ele, a separação entre o produtor e a propriedade das condições de trabalho constitui um processo que transforma os meios de produção em capital e ao mesmo tempo transforma os produtores em assalariados (O Capital). Logo, é preciso libertar o homem da escravidão provocada pelo trabalho que não lhe pertence (a "mais-valia" de trabalho) mediante uma apropriação do trabalho. Deste modo, o homem pode deixar de viver em estado alienado para alcançar a liberdade. JFM
Photos: Nuno Teixeira - Performer
Collage by Sílvio
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